Aprender a gerir a multiculturalidade na sala de aula

"Everybody can do something – nobody can do everything"

As escolas europeias, designadamente as portuguesas, são espaços onde se encontram diferentes raças, culturas e valores. Contudo, serão as escolas da União Europeia (EU) espaços multiculturais, ou seja, lugares onde todas as culturas, mesmo as minoritárias, têm livre expressão e reconhecimento público?
Foi sobre esta questão, bem como sobre outras problemáticas que lhe são adjacentes, como o racismo, os estereótipos e os preconceitos, que se debruçaram dez professores do espaço comunitário europeu, que, no âmbito do Programa Comenius (Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida da Agência Nacional¹) se deslocaram até à Islândia, Borgarnes, para frequentar o seminário "Sensitisation training about migration, racism, culture and diversity", promovido pela Intercultural Iceland e ministrado pela formadora islandesa Guðrún Pétursdóttir, socióloga que tem concentrado o seu trabalho na luta contra o racismo e os preconceitos.
Assim, durante cinco intensos dias (de 1 a 5 de Setembro), professores de várias nacionalidades - Alemanha, Islândia, Itália, Letónia, Polónia e Portugal - partilharam as suas experiências profissionais e, conjuntamente, reflectiram sobre o significado do conceito de multiculturalidade e sobre a aceitação da diferença; analisaram estereótipos e os seus efeitos na forma como nos relacionamos com os outros; dissecaram preconceitos, percebendo como estes limitam o acesso ao outro, coarctando tantas vezes as relações.
Todo o processo se realizou de forma indutiva e através de uma metodologia activa, como o CLIM (Cooperative Learning in Multicultural Groups), "Jigsaw" e vários jogos pedagógico-didácticos. Os professores tornaram-se, assim, agentes do seu processo de aprendizagem, confrontando-se com os seus próprios estereótipos e preconceitos, ao mesmo tempo que adquiriam novas estratégias e metodologias de ensino.
Este encontro de professores foi, sem dúvida, para todos os presentes, uma jornada profissional e pessoal da qual todos saíram mais ricos.
Unir a Europa é conhecermo-nos e aceitarmo-nos, reconhecendo-nos únicos na diferença. Unir a Europa é uma tarefa de todos, pois "Everybody can do something – nobody can do everything".

1) Entidade que procura promover a formação e o intercâmbio de estudantes, professores e demais agentes educativos dentro do espaço europeu.

Prof.ª Maria Carla Fernandes Vaz

Uma actividade…

O Jogo da Pinta

Finalidade: Sensibilizar para a cooperação

Material: Autocolante de cores diferentes (poder-se-ão usar etiquetas brancas, que deverão ser pintadas de cores diversas).

Desenvolvimento:
1 – Os alunos fazem um círculo, virando-se para fora (ficam de costas para os colegas).
2 – O professor pede aos alunos que fechem os olhos e coloca uma "pinta" autocolante na testa de cada um deles.
3 – O professor pede aos alunos que abram os olhos e se virem, explicando-lhes, então, que deverão achar o(s) seu(s) parceiros, os quais têm na testa uma pinta da mesma cor que a sua. Estabelece ainda as seguintes regras:
- não poderão falar;
- não poderão indicar aos outros, através de gestos, a cor da "pinta" que se encontra na testa do seu colega (ex: apontar para a parede vermelha e para a testa do colega, para designar que a "pinta" é vermelha).
4 – Os alunos deverão arranjar uma estratégia (ex: tomar a iniciativa de juntar duas pessoas com a mesma cor) para encontrar o grupo.
5 – No final, o professor deverá reflectir com os alunos sobre os objectivos da actividade:
- O que sentiram quando lhes foi pedido que encontrassem o(s) seu(s) parceiro(s)?
- O que sentiram quando finalmente conseguiram juntar-se ao seu grupo?
- O que aprenderam com esta actividade?

O professor deverá ajudar os alunos a perceber que devemos cooperar com os outros; quando estamos muito concentrados em nós próprios por vezes não conseguimos resolver as tarefas que nos são solicitadas.

Variante: Um dos alunos tem uma "pinta" diferente de todos os outros, não conseguindo integrar-se em nenhum dos grupos (deverá ser um aluno com auto-estima). No final, deverão reflectir sobre a discriminação e sobre os sentimentos de quem é discriminado.